quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Funk não representa a favela

Um dos argumentos mais comuns dos defensores dessa moderna forma de grunhido que atende pelo nome de "funk" carioca é que o grotesco ritmo pertence e reflete o estilo de vida dos pobres. Isso é o que eu chamo de ofensa ao povo pobre.

Parece que esses defensores dessa atrocidade pensam que nós somos idiotas. Como é que algo claramente ridículo e tosco, malfeito, agressivo, ignorante, que expõe o povo das favelas ao ridículo, pode ser considerado "digno e sofisticado"?

Pensam que podem nos enganar com discursinhos pomposos, pensando que nós não conhecemos essa boçalidade que nos é esfregada na cara e nos nossos ouvidos a toda hora e de todos os meios. Conhecemos sim. E pelo jeito os defensores é que não conhecem o "funk" carioca. Principalmente os intelectualóides, que vivem fazendo elogios equivocados pensando em se tratar de um celeiro de obras-primas.

Para esses (in) dignos senhores intelectuais saberem, o "funk" carioca representa na verdade a volta aos tempos das cavernas, dos trogloditas. Tempos em que o animal então recém-transformado em humano aprendia a usar o cérebro.

Com tantas conquistas que tivemos dos séculos para cá, porque temos que voltar para o primitivismo? Somos obrigados a jogar fora toda a nossa evolução e experiência de vida para aceitar algo que diminui ainda mais o valor do ser humano?

E o povo pobre, que sofre diariamente com a má qualidade da saúde, da segurança, da infra-estrutura e sobretudo da educação, agora terá que aguentar a má qualidade de seu lazer, sobretudo na música? Música boa é só para rico? Nos obrigam a aceitar o "funk" carioca; não seria melhor induzir o povo pobre a ouvir música de qualidade, como Tom Jobim, Radamés Gnatalli, Pixinguinha e até Cartola*?

Que esses defensores dessa verdadeira sessão de humilhação da classe humilde que eles querem transformar em "cultura" (por vias escusas, é claro) possam reconhecer de uma vez por todas que quando a humanidade se evoluir, os funqueiros terão que assumir de vez as suas características de simples modismo e aprender a "cantar" na linguagem dos vermes, pois são os únicos que terão disposição para ouvir essas atrocidades que os MCs cospem em nossos ouvidos.

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* NOTA: Cartola, famoso compositor brasileiro, morava em uma favela, mas tinha inteligência e sensibilidade naturais, graças a isso, pode compôr obras-primas como As Rosas não falam, O Mundo é um Moinho e outros clássicos. Sensibilidade e inteligência claramente ausentes nos popularescos atualmente, sobretudo no grotesco "funk" carioca.

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