quinta-feira, 20 de maio de 2021

"Funk" não é ouvido por prazer auditivo, mas para se auto-afirmar como pró-pobre ou pró-negro

Pelas características que o "funk" brasileiro possui, é impossível que alguém ouça o ritmo por prazer auditivo. É como tomar cerveja, uma bebida com gosto amargo e nociva à saúde. Existe algum outro motivo para que coisas desagradáveis sejam consumidas com apreço. Em geral o motivo é social, para agradar as outras pessoas.

O ser humano é um ser social e os brasileiros são mais sociais ainda. Aparecer para os outros e agradar a vontade alheia são prioridades máximas, já que em um país subdesenvolvido, cheio de dificuldades, é praticamente impossível conseguir algum benefício sem contar com a vontade alheia.

Isso faz com que o "funk" seja bastante apreciado, principalmente por aqueles que se assumem como apoiadores do povo pobre - embora o "funk" tenha nascido nos escritórios de gravadoras e enriqueçam seus intérpretes, oferecendo a estes uma mobilidade social radical - que acabam ouvindo muito mais como forma de declarar o seu amor para o povo pobre e negro do que para ouvir algo que agrade aos ouvidos.

Não raramente, esta audição, que tem que ser ostensiva - ouvir "funk" no fone de ouvido não está com nada - é feita para irritar quem não gosta, como forma de acusar estes de serem preconceituosos e anti-progresso, quando na verdade a reprovação é apenas auditiva. O "funk" é realmente irritante como sonoridade.

Isso explica porque os fãs de "funk" demonstram um certo orgulho em suas audições, colocando em volumes altos e mostrando de forma ostensiva porque curtem "funk". Mesmo que odeiem pobres, os ouvintes de "funk" podem fingir que adoram e ficar de bem com os mais humildes, mesmo que tudo não passe de uma autêntica farsa.

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