sábado, 1 de outubro de 2011

O que Neymar fez para ser tããão influente?

Um gurizinho de cabelo em pé chega. Multidões ficam histéricas. Homens copiam seu visual, antes rejeitado por estar associado a - verdadeira - rebeldia. Mulheres morrem de amores, mesmo sabendo que ele é feio pra cacete, com a inconfundível "cara de pobretão". Ele dá entrevistas, posa com celebridades, fala com autoridades. É respeitado, idolatrado, seguido, obedecido! Tudo que ele fala vira ordem. Ganha um gigantesco salário, acrescido de merchandising, participações em programas e o que vier. Ele tem poder. Atende pelo estranho nome de pobretão: Neymar.

Como uma nulidade dessas, de baixo nível intelectual, de péssimas referências culturais, vira uma espécie de "autoridade" só porque sabe chutar uma bolinha em uma trave? Somente o fanatismo de uma população de baixa auto-estima, que acha que o futebol vai salvar o país, sendo a "única alegria" dessa mesma população, pode justificar o culto maciço e intenso dedicado a uma nulidade chamada Neymar.

E se preparem. O primeiro ídolo fabricado do futebol, o primeiro da era do marketing tecnológico, um robô de carne-e-osso, será a grande estrela da copa de 2014. O que não se sabe é aquela questão "Tostines": Neymar foi feito para a copa de 2014 ou a copa de 2014 foi feita para Neymar? Talvez sejam as duas coisas.

Sinceramente fico triste em saber que Neymar é o homem mais idolatrado e seguido pelos brasileiros neste último ano. Uma população que ignora artistas verdadeiros, intelectuais, cientistas, filósofos, gente que pensa e se esforça para fazer desse país um lugar melhor, todos trocados por um mero rapazinho, só porque ele corre atrás de uma bola e chuta para uma trave. Como se a vida dos brasileiros dependesse de um chute dele.

Mas não nos preocupemos. Quem não tem consistência, some. Talvez ele seja a pessoa certa para acabar com o secular fanatismo futebolístico que tanto entorpece a nossa população. Talvez o futebol tenha que ter pessoas ridículas em seu meio para que esta ridicularização faça com que os fanáticos torcedores tenham a vergonha de serem fanáticos. Tenham a vergonha de trocarem suas vidas por um mísero momento de ilusão de apenas 90 minutos.

Talvez o Neymar seja o grande palhaço deste circo inútil. Resta saber o que ele fará, após o circo pegar fogo. Já estou sentindo a brasa arder...

(Publicado originalmente em 19 de setembro de 2011, no Footilidades)