terça-feira, 12 de maio de 2020

Esquerdistas usam plateia para definir qualidade musical, e não obra

Infelizmente, no Brasil, a chamada crítica cultural foi sequestrada pela direita. Somente direitistas estão tendo a coragem de analisar obras artísticas e com base nas características das obras definir o que realmente é bom ou não. Sem essa de "alta cultura" e "baixa cultura" inventada pelos esquerdistas se baseando exclusivamente na plateia e no público receptor.

A cultura deve ser analisada pelas obras. Uma música não deveria ser tachada de "boa" só porque gostamos da plateia. O que observamos na defesa do "funk" é na verdade a defesa, não do estilo musical em si, mas do público que o ouve. O que cá pra nós, soa como uma segregação em si. Afinal, porque pobres tem que ouvir música ruim, quando ricos ouvem o que é bom?

Achar que um ritmo comercial, criado em "laboratório" (escritórios de gravadoras), deve ser assimilado como "a voz das periferias" é de um certo sadismo cultural. O que os ricos supostamente não querem ouvir, os pobres devem ouvir. Ah, ricos não gostam de "funk"? Hummm...

Ricos adoram "funk". Além do igualmente ruim "sertanejo universitário", que nada tem de sertanejo e muito menos de universitário, o "funk" já é trilha sonora de inúmeras festas do "grand mondé" e da classe média puxa-saco. Já é oficial o fato de que millennials detestam rock e se sentem mais a vontade em tipos de música bem mais catárticos em matéria de sexo e agressividade.

Mas é bom lembrar que o fato de ricos gostarem de "funk" nunca deve ser aceito como uma espécie de "aceitação dos mais ricos do valor do povo das periferias" pois gostar das mesmas coisas e ter os mesmos hábitos não faz de ninguém "gente como a gente" se as desigualdades continuam mantidas.

Na verdade, o povo pobre merecia tipos de música melhores para os representar. O rap brasileiro tem qualidade e é melhor - e bem mais politizado - que o superstimado diferente do "funk", estilo da qualidade comprovadamente ruim. No passado, os pobres ainda tinham o samba de qualidade, mas ele foi sequestrado pelos ricos e virou "música de elite".

As esquerdas deveriam pensar melhor sobre exaltar o "funk" como "música boa das periferias". Será que o povo pobre não merecia tipos de música bem melhores. Deixem o "funk" para os alienados riquinhos: eles sabem o que fazer com essa barulheira porno-agressiva.