terça-feira, 7 de agosto de 2012

Brega in the High Society

Foi-se o tempo em que os ricos ouviam música clássica e jazz e demonstravam uma personalidade sóbria digna de aprendizado e admiração. Hoje a regra é ser brega e tentar transformar mansões e apartamentos caríssimos em réplicas de barracos de favelas, com direito à trilha sonora as gírias e a falta de bom senso típicas de quem não teve uma educação adequada, pelo desprezo tradicional das autoridades às classes mais carentes. 

Os ricos de hoje, principalmente os mais jovens, na ingenuidade de pensarem que estão sendo mais justos com os pobres, passaram a agir como estes, como se isso lhes dispensasse de distribuir renda, já que os ricos nunca abrem mão de seus supérfluos e de privilégios. É uma maneira simpática de ser "melhor" que os outros.

Cada vez mais celebridades aderem ao estilo jeca de ser. Jeca, mas com "banho de loja". Ninguém vai sair na rua vestido como abajur. Mas agir como uma pessoa de bom nível intelectual, também nem pensar. O legal é agir como um favelado em uma festa, falando como tal, pensando com tal e ouvindo música como tal.

No programa do Faustão do domingo retrasado, o ator Jaime Matarazzo, nascido em "berço de ouro", descendente de duas famílias evidentemente ricas (embora faça papel de um pobretão estereotipado na novela das sete), falou ao Péricles, líder da extinta banda de sambrega Exaltasamba, que era fã dele. Em outra oportunidade, Ísis Valverde (que não é filha de ricos, mas enriqueceu com a carreira) participou no palco no show de comemoração dos 10 anos do grupo brega Aviões do Forró. Bruno Gagliasso é notório organizador de festas de "funk" carioca e Fernanda Souza ameaça se casar com o colega de Péricles no Exaltasamba, Thiaguinho, que de crooner de reality show se prepara para virar o sucessor do cantor brega Alexandre Pires, que está em decadência.

Estes são apenas alguns dos muitos exemplos de uma juventude rica que resolveu baixar as calças literalmente e numa atitude hipócrita e retardada, resolveu assumir um estilo de vida lançado por uma classe mal escolarizada, numa verdadeira marcha-a-ré da evolução social do país que rende muitos danos que poderão se agravar cada vez mais, nos prendendo a um complexo de vira-lata que nos sufoca no terceiro-mundismo que estagnará a nossa evolução coletiva.

É uma pena ver formadores de opinião desprovidos do senso do ridículo, e submisso a um modismo descartável, puxando o saco das classes carentes, como se isso pudesse compensar a má distribuição de renda que insistimos em não combater.

Com certeza não é nenhuma canção de brega que tará dignidade às classes populares do nosso país. Até porque não dá para ser digno e ridículo ao mesmo tempo.

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